19.12.11

*19 de dezembro*

autora. Sara Moreira da Costa
título. Quatro estações




[técnica. recorte em papel]

Queria que as quatro estações voltassem, vivas, esplendorosas nas suas diferenças que tanto as distinguem e nos enfeitiçam... Queria que as alterações climáticas, provocadas pela ganância e inconsciência de uma má gestão de recursos, não privassem o que resta da minha vida da percepção de uma natureza em mutação e em constante renovação. 

Gosto das estações plenas, do Inverno e do Verão.
É bom sentir o frio do Inverno no olhar fustigado pelas chuvas gélidas, pelas cores azul-cinza que parecem transportadas pelos dias ventosos que atravessam árvores despidas. Encanta-me pensar que é este o "habitat" natural do tempo de Natal em que a magia das bolas vermelhas do azevinho se vem juntar ao brilho dos enfeites artificiais de um pinheirinho que representa o eterno retorno ao aconchego da infância. è o tempo do gato dormente ao quente.

O Verão revela-se pela intensidade do calor que nos ofusca a vista e contrai a pele... As cores são intensas, amarelo, brancos luminosos, vermelhos, azuis cobalto e celeste, maçãs e pêssegos, a andorinha a esvoaçar e o gato novo, que já aprendeu a trepar, fica empoleirado na macieira a observar...

Encantam-me as estações intermédias...

O Outono aparece como uma explosão de coloridos "fauves". Vermelhos, laranjas, amarelos, castanhos tomam conta do nosso olhar. As folhas parecem estar a chamar pelo vento que, pouco a pouco vai despindo as árvores... As bolotas dos carvalhos prometem fantasias e enfeites e a andorinha despede-se em direcção ao Sul. O gato aproveita os raios ainda mornos de um sol dourado.

Na Primavera a natureza cresce com os dias. À música do vento nas frágeis folhas das bétulas, junta-se o canto dos pássaros na construção dos ninhos e as borboletas a saltitar. As árvores gomam, os verdes são intensos e os azuis são suaves. Há uma explosão de aromas, as flores despertam e pontilham a natureza com as cores do arco-irís. A andorinha está de regressa e o gato está expectante...

texto de: Isabel Viana

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